O aumento das queixas coincide com o aquecimento do mercado imobiliário. Depois de 20 anos de estagnação, as obras se multiplicam pelo país.
As reclamações em relação a imóveis novos no Brasil têm crescido no mesmo ritmo do número de empreendimentos. O atraso na data de entrega e os problemas na obra vêm deixando muitos compradores decepcionados. É o que mostra o repórter Alan Severiano.“Vim pra ter uma qualidade de vida e não estou tendo ela. É um sonho inacabado”, desabafa o dentista Eneas Valada.
Transtornos também em outro condomínio: os apartamentos ficaram prontos em junho, com cinco meses de atraso. E um casal ainda não se mudou: “Faltou azulejo na lavanderia, a coifa está com rachadura, falta a porta do quarto da minha filha, enfim, tudo isso”, explica Sílvia Neves, economista.
A psicóloga Luciane Klinke teve um prejuízo de R$ 1.500,00. Assim que chegou à casa nova, vários eletrodomésticos queimaram: “Havia um fio solto, mal conectado no quadro de distribuição, fazendo com que a voltagem chegasse ao apartamento em 220 e não em 110”, conta.
No mês passado, o número de reclamações sobre atrasos na entrega e falta de qualidade de imóveis comprados na planta chegou a 160 em todo Brasil, avanço de 41% em relação a outubro de 2009.
O aumento das queixas coincide com o aquecimento do mercado imobiliário. Depois de 20 anos de estagnação, as obras se multiplicam pelo país. Difícil é entender porque, apesar desse sucesso de vendas, há tanto cliente aborrecido: “Hoje em dia, as empresas estão muito mais focadas em novos lançamentos, em lançar novos imóveis no mercado e pouco preocupadas em acabar ou concluir aqueles imóveis que já foram comprados”, explica o advogado imobiliário Marcelo Tapai.
As construtoras dizem que o mercado não estava acostumado com esse ritmo de obras, atribuem os problemas à falta de mão-de-obra qualificada, à demora na liberação dos alvarás e até à chuva.
“Para o incorporador, o construtor, o atraso de obra ele custa muito caro. A entrega ruim denigre muito a imagem do construtor, que não consegue vender o seguinte empreendimento”, explica o vice-presidente da Sinduscon-SP, Odair Senra.
O presidente da Associação dos Mutuários, Marco Aurélio Luz, diz que quem foi prejudicado tem direito à indenização por danos morais e materiais. Ele defende a negociação e dá uma dica para evitar frustrações: “Tem que buscar realmente saber se aquela construtora entregou outros imóveis de acordo com o contrato, se o que foi utilizado realmente naquele empreendimento foi de qualidade”, diz.
Fonte: G1 globo
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