quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

ATRASOS DE IMÓVEIS NO REDE TV - LEITURA DINAMICA 1º EDIÇÃO 22/12

VENDA DE IMÓVEIS NOVOS AQUECE MERCADO IMOBILIÁRIO
Sonho da casa própria se torna um pesadelo para o consumidor que sofre com atraso das obras.




segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

SONHO DA CASA PRÓPRIA PODE SER ADIADO POR ARMADILHAS

Corretores garantem que apartamentos mais caros serão financiados pela Caixa, com juros baixos para famílias de baixa renda. Mas apenas imóveis de até R$ 130 mil podem entrar no programa.
CLIQUE PARA ASSISTIR O VIDEO



O prédio novinho mostrado em vídeo fica em Paraisópolis, Zona Sul de São Paulo. É onde Elisa deveria estar morando. Mas ela continua na casa dos pais, apesar de já ter pago uma entrada de R$ 32 mil pelo apartamento. Segundo a construtora, o imóvel vale R$ 115 mil.

“Eu juntei minha vida inteira esse valor de entrada e agora eu não tenho nada”, diz Elisa. Ela acreditou que pagaria o restante com um financiamento especial da Caixa: o Minha Casa Minha Vida. Os juros são de 5% ao ano, baixos para o padrão brasileiro. E o governo ainda dá até R$ 23 mil do valor do imóvel - o chamado subsídio. Juros baixos e subsídios são as principais vantagens do Minha Casa Minha Vida - um programa do Governo Federal criado em 2009 para ajudar famílias de baixa renda.

O detalhe crucial dessa história é que só podem entrar no programa imóveis de até R$ 130 mil. Antes mesmo de a construção começar, a Caixa já diz quanto custa o imóvel e se ele está dentro dos limites do programa.

“Então eu fui atraída só por causa do Minha Casa, Minha Vida”, conta Elisa. Depois de fechar o negócio com a construtora, Elisa foi chamada na Caixa. Lá, descobriu que o apartamento estava fora do programa. “Eu estou excluída e não tem como eu assumir o dobro de juros”.

Preste atenção nestas contas: pelo Minha Casa Minha Vida, Elisa pagaria parcelas mensais de R$ 450. Fora do programa, ela teria de pagar juros de 9% ao ano - quase o dobro. No fim de 30 anos de financiamento, o apartamento sairia R$ 70 mil mais caro. E a parcela mensal seria de R$ 845 - incompatível com o salário dela, de R$ 1.500 por mês.

“Ela não tem renda suficiente para fazer financiamento comum. Conclusão: ela perdeu o sinal, não tem onde morar e não tem como adquirir outro apartamento”, explica o advogado de Elisa, Luis Fernando Oshiro.

O Fantástico foi até a Caixa para pedir explicações. “Desde a primeira avaliação, e aí está comprovado. Essa unidade foi avaliada acima de R$ 133 mil”, conta Valter Nunes, superintendente regional da Caixa.

O valor ultrapassou os R$ 130 mil, que é o limite do programa. E não importa que a construtora só tenha cobrado R$ 115 mil. A Caixa sempre segue uma regra.

“O que vale para o enquadramento no Minha Casa Minha Vida é o maior dos valores entre o valor da avaliação e o valor de compra e venda”, diz o superintendente.

Elisa se sentiu enganada pela construtora, que tinha garantido que o imóvel estava no programa. E o caso de Elisa não é o único. Longe disso.

Eduardo e o Juliano são amigos e queriam ser vizinhos. Eles compraram cada um, um apartamento no mesmo prédio. E aos dois foi dito que era possível fazer um financiamento pelo Minha Casa, Minha Vida. E nenhum dos dois conseguiu.

“Dez meses depois da compra pelo Minha Casa, Minha Vida, quando eu fui entrar pela Caixa Econômica, o valor passou do limite do Minha Casa Minha Vida no município”, conta Eduardo Martinez, encarregado de produção.

O prédio é o mostrado em vídeo, em Sorocaba, interior de São Paulo. Na cidade, o programa só financia apartamentos de até R$ 100 mil. Mas as placas atraíram os compradores. A conversa do corretor também.

Durante a compra, eles falavam do programa Minha Casa, Minha Vida? “Sempre. Esse é o slogan deles”, conta Juliano de Almeida, analista de esporte.
Só que o contrato mostra que o valor do apartamento é R$ 8 mil além do limite do programa. A Caixa não liberou o financiamento. “Com certeza nós fomos enganados”, diz Juliano.

Dos R$ 21 mil que deu de entrada no imóvel, Eduardo recebeu de volta R$ 2,5 mil. Para Juliano ainda faltam R$ 3 mil do total de R$ 10 mil que investiu no imóvel.

O Fantástico percorreu estandes de venda de imóveis populares. E registrou um procedimento que a Caixa condena: corretores garantem que apartamentos mais caros serão financiados pela Caixa.

Fantástico: Esses apartamentos entram no programa Minha Casa, Minha Vida?

Corretor: Sim, todos eles.

Fantástico: Faixa de quanto?

Corretor: A partir de R$ 126 mil. R$ 126 mil a 136 mil.

Fantástico: R$ 136 mil? E esses 136 entram também?

Corretor: Entra também porque o valor que eles olham no caso da Caixa é o valor de avaliação na Caixa. Então, está menos de R$ 130 mil, no caso. Então todos eles entram.

O limite do Minha Casa Minha Vida em São Paulo, onde foi feita essa gravação, é R$130 mil.

Outra construtora oferece imóvel pelo Minha Casa Minha Vida a R$ 135 mil.

Corretor: R$ 135 mil para cima.

Fantástico: Mas o limite não é R$ 130 mil?

Corretor: A avaliação. O apartamento a construtora está pedindo um pouco a mais porque hoje ele vale. Vai ficar pronto daqui a sete meses. Daqui a sete meses, ele vai valer mais do que isso ainda. Então, hoje a construtora já pede um pouco mais, entendeu?

Em nota enviada ao Fantástico, uma das construtoras, a Goldfarb, responsabilizou o corretor pelo erro: disse que, na ânsia de vender, ele não esclareceu que as unidades mais caras estavam fora do programa.

Questionada sobre o procedimento do corretor, uma outra construtora, a MRV dá explicação diferente: “Nosso entendimento é que a Caixa Econômica avalia o empreendimento para enquadrá-lo dentro do programa. Agora, a marcação do preço compete à construtora e compete baseado no mercado”, diz Eduardo Barreto, diretor comercial da MRV.

Em casos como os flagrados pelo Fantástico, a Caixa garante que não financiaria o imóvel pelo Minha Casa Minha Vida. “Todos os imóveis adquiridos acima do limite do programa não terão financiamento garantido pela Caixa no programa Minha Casa Minha Vida”.

Depois de informada por nossa equipe sobre a posição da Caixa, a MRV disse que pretende procurar o banco para, se necessário, readequar os procedimentos de venda. Foi essa construtora que vendeu os apartamentos para Elisa, Eduardo e Juliano. A empresa afirma que irá apurar se houve erro na venda.

A Caixa orienta que o futuro comprador se informe o máximo que puder antes de fechar o negócio.

O melhor local pra ter informações em relação ao programa Minha Casa Minha Vida são as agências da Caixa. Mas nem na Caixa o casal Jaqueline e Roberto confia. Eles chegaram a ser entrevistados por um gerente.
“Mas aí passou 30 dias, 60, 90, 120. A gente começou a tentar correr atrás, por que não chamam? Por que não chamam?”, pergunta Roberto Vargas.
Foram informados que o prédio estava fora do Minha Casa Minha Vida. E só. “Eu sei que ele está subindo, que ele está andando, mas não sei se vai ser meu, de fato”, disse Jaqueline Rodrigues.

A construtora Even, responsável pela obra, diz que havia a previsão de realizar o crédito com a Caixa, mas depois o acordo foi fechado com outro banco. A Even alega que os clientes descontentes tiveram a opção de receber o dinheiro de volta.

“Mas eu não quero a devolução do dinheiro. Eu quero o apartamento”, disse Jaqueline. Quem se sentiu enganado agora pede na Justiça o que foi prometido na hora da compra do apartamento.

“Preciso esperar um resposta, mas eu quero meu apartamento, que é o meu sonho”, declara Elisa.

Fonte: Globo/Fantastico

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

DEPOIS QUE EU COBREI UMA SATISFAÇÃO POR CARTA OLHA ELA CHEGANDO AI

Depois de cobrar uma satisfação por carta, em fim os moradores do FERRARA POA estão aos pouco começando a receber a bendita.

CLIQUE PARA VER MELHOR

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

NA FOLHA DE SÃO PAULO PRA VARIAR MAIS UMA VEZ, ATRASO DO APTO DESTA VEZ FOI O DA CRIS

No último domingo (05/12) no Blog Tenda Tô Fora saiu na Folha de São Paulo, no Caderno de Imóveis.



Vejam:

QUEIXAS CONTRA CONSTRUTORAS CRESCEM MAIS QUE VENDAS EM SP.

Clique na imagem para ampliar











E o 1º Lugar nas Reclamações vai para........................ Adivinha???

sábado, 4 de dezembro de 2010

CLIENTES DE CONSTRUTORA PROTESTAM EM SÃO PAULO E PEDE ENTREGA DE IMÓVEIS ATRASADOS

Antes assista o link do SBT

http://www.sbt.com.br/jornalismo/noticias/?c=2107&t=Aumenta+o+número+de+reclamações+contra+construtoras

http://www.youtube.com/watch?v=f3G4hNvJ5n0 

Marina Gazzoni, iG São Paulo | 04/12/2010 13:12

http://economia.ig.com.br/empresas/comercioservicos/clientes+da+tenda+protestam+e+pedem+entrega+de+imoveis+atrasados/n1237849259812.html


Consumidores percorreram o centro de São Paulo para protestar contra os atrasos de obras dos empreendimentos da construtora Tenda. Eles usaram apito, nariz de palhaço, soltaram rojão e puxaram coros de "não compre" e "ão ão ão meu imóvel é ilusão" para chamar a atenção ao problema. Houve protestos também no Rio e em Belo Horizonte.



Foto: Guilherme Lara Campos/Fotoarena
Manifestantes soltam rojão em protesto contra atrasos de obras da Tenda

Os relatos são parecidos. Sem poder entrar nos apartamentos na data prevista, os futuros moradores precisam improvisar uma residência na casa de parentes ou pagar aluguel até que consigam as chaves da casa própria.


Foto: Guilherme Lara Campos/Fotoarena
O casal Thomas Leal e Gabriele de Oliveira, que adiou o casamento porque entrega do apartamento foi postergada
O casal Thomas Leal e Gabriele de Oliveira vendeu o carro para dar uma entrada de R$ 25 mil em um imóvel em construção em 2008. Com a expectativa de receber o apartamento em março de 2009, eles agendaram o casamento para julho do ano passado. A obra atrasou e eles adiaram o casamento para fevereiro do ano que vem. Eles já tinham encomendado móveis planejados e toda a mobília da casa deles está guardada na casa de parentes.
O técnico de segurança do trabalho Rafael de Andrade deixou de começar um curso universitário porque a entrega do seu apartamento atrasou. Ele reside hoje em Itaquera, na zona leste de São Paulo, mas planeja estudar em uma universidade da zona sul. “Eu queria estudar na Vila Olímpia e fiquei esperando o apartamento ficar pronto pra não ter que pegar tanto trânsito. Perdi um ano”, diz Andrade. O técnico mora com a família em um apartamento alugado e estuda processar a construtora. “Esse dinheiro é perdido. Eu poderia estar pagando pelo que é meu” , afirma.

A manifestação deste sábado foi a segunda organizada pelos clientes da empresa. Anderson dos Santos, um dos organizadores do protesto, disse que os clientes vão esperar uma resposta da companhia. A Tenda entrou em contato com e disse que vai se esforçar para resolver os problemas dos empreendimentos.
Em nota, a construtora informou que “os atrasos na entrega de algumas unidades se deram em virtude da ocorrência de fatos alheios ao controle da companhia, como período de chuva acima da média normal e do crescimento significativo do setor da construção civil”. A empresa atribui a prorrogação dos prazos à escassez de mão de obra, falta de matéria prima e morosidade nos aquisições de licenças para a legalização dos empreendimentos.

CLIENTES DE CONSTRUTORA DE BH PROTESTAM NESTE SÁBADO CONTRA ATRASOS NA ENTREGA DE IMÓVEIS

Assista TV Alterosa


Clientes unidos protestam contra construtora, Compradores de imóveis protestaram hoje em Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro por atraso na entrega de apartamentos e problemas com vagas de garagem.

Alice Maciel - Estado de Minas
Publicação: 04/12/2010 08:11 Atualização: 04/12/2010 08:26

http://www.em.com.br/app/noticia/economia/2010/12/04/internas_economia,196289/clientes-unidos-protestam-contra-a-tenda.shtml


Residencial no Grajaú: entrega de 112 unidades, prevista para julho de 2009, ainda não ocorreu (Beto Magalhães/EM/D.A Press)
Residencial no Grajaú: entrega de 112 unidades, prevista para julho de 2009, ainda não ocorreu
Clientes da construtora Tenda em Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, estão em pé de guerra com a empresa. Insatisfeitos com os atrasos na entrega dos imóveis, eles se reúnem neste sábado, às 10h em uma manifestação que vai acontecer simultaneamente nas três capitais. A expectativa, é que 400 pessoas participem do ato. O objetivo dos compradores é chamar a atenção das autoridades e da sociedade, em relação ao descaso da Tenda com seus clientes. “ A empresa não honra os seus compromissos e não cumpre com os seus contratos. Eles atrasam a entrega dos imóveis e não têm a menor preocupação em dar satisfação aos clientes ”, disse um dos responsáveis pelo movimento em Belo Horizonte, empresário Rodrigo Hosken de Sá Carvalho.

Rodrigo está entre os 112 compradores dos apartamentos do Residencial Monte Carlo, localizado no Bairro Grajaú, Região Oeste de Belo Horizonte, prejudicados pelo atraso de quase dois anos na entrega dos imóveis. Ele contou que foi o primeiro a comprar o empreendimento na planta, em 22 de fevereiro de 2008 e a previsão no contrato, de entrega das chaves, era julho de 2009. “Os apartamentos não foram entregues e nem fomos avisados”, afirmou. Segundo Rodrigo, a empresa ainda tinha um prazo de 180 dias, previsto em lei, vencido em janeiro, para entregar os apartamentos depois da data estipulada no contrato, que também não foi cumprido. “A empresa foi nos enganando com promessas de entrega de mês a mês e está fazendo isso até hoje”, reivindicou.

O empresário só conseguiu se mudar para o apartamento em 17 de agosto deste ano, mas ele está entre os quatro dos 112 compradores que já conquistaram a batalha. No entanto, no período que ele ficou esperando a entrega do imóvel, teve que mudar de casa cinco vezes. Atualmente, Rodrigo comanda a comissão dos moradores para lutar contra a empresa. “ Não vale a pena, por enquanto, entrarmos na Justiça porque isso poderia atrasar ainda mais as entregas, além da possibilidade de um embargo no repasse da verba para o financiamento do empreendimento”, justificou. Ele explicou, que o cartório não liberou as matrículas ainda alegando que as vagas de garagem apresentadas e registradas pela Tenda, no projeto original, é inferior ao apresentado depois da obra acabada.

Sonho frustrado

E o empresário não teve só o prejuízo financeiro. Ele e sua esposa planejavam adotar um filho que, segundo ele, só é possível se o casal tem casa própria. Toda essa luta ainda prejudicou a saúde de sua mulher que se encontra em um estado grave de depressão. “ E não fui só eu o prejudicado. A maioria dos compradores do Residencial Monte Carlo são casais recém-casados, com vários sonhos na casa nova”.

Este é o caso do bancário Bruno Teixeira de Brito. A sua noiva está grávida e eles estão morando no apartamento dos pais até hoje. Bruno comprou o apartamento em abril de 2009 com a promessa de entrega para janeiro deste ano. “A Tenda nunca fez qualquer tipo de contato e sempre que procurei a empresa fui mal atendido. Remarquei minhas férias várias vezes para fazer a mudança e parece que vou ter que remarcar mais uma vez”. Segundo ele, a Tenda alegou que daria uma resposta formal e registrada no cartório até 26 de novembro, mas isso ainda não foi feito. Bruno disse que vai entrar na Justiça com pedido de liminar de posse do apartamento.

Rodrigo não sabe quantos outros problemas existem na capital com a construtora, mas só em São Paulo, em um levantamento feito por Anderson, 20 empreendimentos foram afetados. E no Rio de Janeiro, segundo Luana Barbosa de Souza, fizeram o levantamento de cinco. Segundo os responsáveis pela mobilização, a empresa, ciente da manifestação, está tentando marcar uma reunião hoje com os clientes no mesmo horário do movimento. A reportagem entrou em contato com a Tenda, mas a empresa não deu retorno até o fechamento desta edição.

Saiba mais...
Marina Rigueira - Estado de Minas
Publicação: 04/12/2010 12:40 Atualização:
Clientes da construtora Tenda em Belo Horizonte se reuniram em frente ao escritório da construtora, na Avenida Afonso Pena, 525, no Centro da capital, por volta das 10h, deste sábado para manifestar contra os atrasos a entrega dos imóveis, que foram comprados em 2008.
 (Reprodução TV Alterosa)


A manifestação ocorreu simultaneamente em BH, São Paulo e no Rio de Janeiro. Com nariz de palhaço, clientes da Tenda promoveram apitaço e distribuíram panfletos, que retratavam a indignação com o descaso da Tenda.

“ A empresa não honra os seus compromissos e não cumpre com os seus contratos. Eles atrasam a entrega dos imóveis e não têm a menor preocupação em dar satisfação aos clientes ”, disse um dos responsáveis pelo movimento em Belo Horizonte, empresário Rodrigo Hosken de Sá Carvalho.
No Residencial Monte Carlo, localizado no Bairro Grajaú, Região Oeste de Belo Horizonte, 112 compradores dos apartamentos foram prejudicados pelo atraso de quase dois anos na entrega dos imóveis.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

CLIENTES DA TENDA PLANEJAM MANIFESTAÇÃO CONTRA ATRASO DE OBRAS

Proprietários de unidades de 21 empreendimentos vão protestar contra a empresa em São Paulo, no Rio e em Belo Horizonte

Fonte: IG (Marina)
http://economia.ig.com.br/clientes+da+tenda+planejam+manifestacao+contra+atraso+de+obras/n1237848530507.html

O contador Anderson dos Santos cansou de ligar no serviço de atendimento ao consumidor da construtora Tenda para saber quando a empresa entregará as chaves do seu apartamento. Ele e outros clientes de 21 empreendimentos da Tenda na região metropolitana farão uma manifestação neste sábado para protestar contra os atrasos nas obras da construtora no centro de São Paulo. A expectativa do contador é que 300 pessoas participem do ato. Clientes do Rio de Janeiro e de Belo Horizonte também vão fazer um protesto no mesmo dia.



Foto: Guilherme Lara Campos/Fotoarena
Anderson dos Santos, cliente da Tenda que está organizando protesto contra a empresa
Neste ano, o número de reclamações de clientes de todas as construtoras sobre atraso de obras em imóveis comprados na planta aumentou. Ao todo, 523 pessoas processaram as construtoras neste ano no Estado de São Paulo, 160% mais do que há dois anos, segundo levantamento do advogado Marcelo Tapai, especialista em direito imobiliário. A Tenda é a empresa com o maior volume de ações no TJ-SP, 196 processos no total.
O iG mapeou 27 obras em atraso da construtora. Segundo a Tenda, 12 delas estão prontas, mas a documentação não está completa, por isso os imóveis ainda não foram entregues.

Foto: Anderson dos Santos
Imagem do interior do Residencial Ferrara, lançado pela Tenda; imóvel está pronto, mas não foi entregue
Anderson se reúne todos os meses com seus futuros vizinhos, os compradores dos apartamentos do Residencial Ferrara, localizado em Poá, na região metropolitana de São Paulo. Ele diz que alguns dos blocos já estão prontos, mas não foram entregues. O morador mostrou à reportagem do iG fotos do empreendimento, que mostram a grama crescida no pátio e limo na construção. A reportagem não teve acesso ao interior do condomínio. Indignado com os atrasos, Anderson entrou em contato com outros clientes para organizar a manifestação deste sábado.

O casal Valdiney Messias Gomes e Flavia Pessoa está entre os prejudicados pelo atraso. Eles venderam uma casa para comprar um imóvel no residencial São Luiz Life, em São Paulo, em fevereiro deste ano, com as obras já em andamento. De acordo com o casal, a construtora os informou que eles poderiam se mudar em maio.
Enquanto não têm a chave do apartamento novo, Flavia e Valdiney improvisaram um quarto na garagem da casa da mãe dele. Eles dividem o local com o filho de quatro anos. Flavia está grávida de sete meses e seu maior medo é que o apartamento não fique pronto antes de o bebê nascer. “Eu não fiz chá de bebê porque não temos lugar para isso. Esse vai ser o pior Natal da minha vida”, afirma.
Construtora ‘herdou’ problema
A maioria dos empreendimentos atrasados da Tenda foi lançada antes de 2008, ainda sob a gestão antiga da empresa, afirma o diretor de incorporação da Gafisa, Antonio Carlos Ferreira. A Tenda foi adquirida pela Gafisa em outubro de 2008. “Algumas obras estão atrasadas porque não foram iniciadas no prazo e não tiveram uma velocidade adequada de construção na gestão passada”, explica Ferreira. A expectativa da empresa é que até o fim de 2011 os problemas da Tenda estejam equacionados.
 “A Tenda lançou muitos empreendimentos em 2007 e 2008, mas não estava preparada para administrar um volume tão alto. O reflexo veio agora”, afirma Flávio Conde, analista do Banif.
 Para o analista de mercado imobiliário do Santander, Flávio Queiroz, a Gafisa precisa de pelo menos um ciclo completo de construção para sanar os problemas da Tenda, ou seja, cerca de três anos. Os atrasos fazem parte deste período de adequação. Sem a venda para a Gafisa, a Tenda poderia ter falido, segundo os especialistas. “Ainda é cedo para culpar a Gafisa de não ter salvado a Tenda”, diz Queiroz.
 O modelo de gestão da Tenda antes da aquisição da Gafisa era inadequado para os empreendimentos focados na baixa renda. “Eles faziam projetos personalizados para cada lançamento, mas, neste segmento, é preciso padronizar para reduzir custos”, diz o analista.
 Muitos dos atrasos de obras na construção como um todo é reflexo da crise econômica, que afetou o Brasil a partir de setembro de 2008, de acordo com especialista. Com a escassez de crédito, algumas construtoras passaram a reduzir o ritmo das obras para preservar o seu caixa.
 O diretor de incorporação da Gafisa afirma que a Tenda não atrasou obras de propósito para preservar seu caixa, pelo contrário. “Durante a crise, nos reduzimos os lançamentos, tanto da marca Tenda quanto da Gafisa, mas não deixamos de investir nas obras em curso”, diz Ferreira. Antes da aquisição da Tenda pela Gafisa, a empresa investia cerca de R$ 37 milhões por mês na construção dos seus empreendimentos. Em setembro, as despesas com obras atingiram R$ 95 milhões.
 O consumo de caixa da Tenda para financiar as obras tende a melhorar. A maioria dos lançamentos dos empreendimentos da marca em 2007 e 2008 não utiliza recursos do crédito associativo da Caixa Econômica e, portanto, necessita de capital próprio para financiar a construção. No terceiro trimestre, 62% dos lançamentos foram enquadrados nesta modalidade.
 No modelo tradicional de financiamento do setor, as empresas repassam os clientes para instituições financeiras apenas após a conclusão da obra. Assim, elas recebam cerca de 30% do valor dos imóveis durante a construção, mas precisam desembolsar recursos que podem chegar a 60% do valor geral de venda (VGV) do empreendimento para a construção. Com o crédito associativo, as incorporadoras conseguem antecipar as receitas ainda no período da obra.